VIDEO-DANÇAS

Este vídeo foi algo que aconteceu, não foi planejado. Era para ser um vídeo-dança em dueto com Diogo Granato, mas não foi o que aconteceu. Ouso dizer que virou um díptico ao vídeo dança solo Entrevista com Miles Davis, uma série de registros  que meu amigo fez durante a quarentena e uma delas foi feita na Sala Bertha. (texto em depoimento pessoal em processo).

Ficha Técnica

Data: 23/03/2021

Camera e edição: Diogo Granato

Local: Sala Bertha

Intérprete: Ilana Elkis

Virginia Woolf dizia que “uma mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu, um espaço próprio, se quiser escrever ficção. Ela também dizia que esse assunto é controverso, porque qualquer questão que envolve sexo é. E é! Até hoje! Mesmo com desenvolvimento de muitos aspectos desta discussão.

Nesta quarentena aqui em casa, temos feito revezamentos para ficar com nosso pequeno de dois anos. E vou te falar tá puxado, e para quem não tá?

São raros os momentos que consigo parar! Estou muito mais cansada, e no meu caso, estamos muito cansados (felizmente saudáveis) ! No entanto, para escrever, como esse post que vc está lendo, só se tornou possível porque abstraí a bagunça, o cansaço e o menino dormiu.

Em “Um teto todo seu”, Woolf descreve como uma escritora X conseguia escrever suas ficções: em sala barulhenta, com seus filhos demandando e as coisas da casa para fazer…Imaginem isso era uma condição nossa até pouco tempo atrás com ou sem quarentena, não havia (e não há ainda para muitas) um cantinho todo seu, não havia (e não há para muitas) um tempo todo seu, um silêncio para produzir o que bem entendesse. O ócio criativo, para escrever, para dançar, para trabalhar, no que for, é uma conquista recente para algumas mulheres. Diríamos que sempre foi imposta uma condição “quarentenística” para nós com o sexo feminino.

Gravei esse vídeo há algumas semanas como um exercício de enquadramento para o Silenciosas (atualmente projeto contemplado pela Fomento à Dança da Cidade de São Paulo, com direção de Diogo Machado Granato e intérpretes criadores: Flávia Scheye, Nathalia Catharina, Flavio Falcone, Michelle Farias de Lima, Veronica Rossetto Piccini e Produção de Cau Fonseca.) eu não tinha pretensão de postar, no entanto toda vez que o revia percebia que ele tocava nesse assunto, claro sob minha perspectiva: mulher, CIS, mãe, branca de classe média, com um parceiro que é parceiro, valendo(!), portanto me sinto mais que privilegiada quando sei que a história de muitas marias, joanas, luanas, alices, é um bocado diferentes.

Enfim… A questão agora aqui em casa é: aceita a interrupção que ela dói menos, continue dançando e trabalhando como dá e quando dá, porque afinal de contas essa quarentena é uma oportunidade para todes refletirmos em como vivemos nosso tempo. Não acredito em uma mudança da humanidade para melhor, por causa da quarentena, mas acredito em aprendizagens.

Ficha Técnica:

Performance e captação : Ilana Elkis

Local: Casa Antipoff, SP

Duração: 5minuto 29 segundos

Este vídeo é um vídeo-dança, editado a partir de uma improvisação em dança-teatro realizada durante o primeiro ano da quarentena da Covid-19. Este material, foi captado por uma câmera parada, com a qual eu (artista) desenvolvi um jogo coreográfico apenas frontal. Precisava me ajustar todo o tempo para o plano porta para ser vista. Essa regra era constante e diferente das práticas em dança que estava habituada. Ao ver o vídeo, antes de editar, me flagrei com emoções e sentimentos que vinham à tona a partir do meu desejo de me adaptar a situação, onde acabei ficando entre o deslumbramento com a própria imagem em movimento e a frustração de me sentir chapada, no bidimensional.

Ficha Técnica:

Performance, captação e edição: Ilana Elkis

Trilha: Leo Versollato

Local: Garagem Antipoff

Duração: 1 minuto 46segundos

Estudo sobre superficies, enquadramento e edição de video, durante a quarentena. Panela de pressão como ambientação sonora.

Duração: 0:52 para caber no instagram

Captação, performance e edição: Ilana Elkis